Petrobras mira expansão internacional com interesse em blocos exploratórios na Costa do Marfim

A Petrobras deu mais um passo em sua estratégia de internacionalização e recomposição de reservas ao apresentar uma declaração formal de interesse em nove blocos exploratórios offshore na Costa do Marfim, país localizado na costa oeste do continente africano. A medida marca a entrada da estatal brasileira em uma nova fronteira petrolífera internacional.

Primeira etapa formal do processo de aquisição

A informação foi divulgada nesta terça-feira (4), por meio de comunicado oficial ao mercado. Segundo a Petrobras, o governo da Costa do Marfim, por intermédio do Conselho de Ministros, já aprovou a manifestação da companhia brasileira. A declaração de interesse é o primeiro passo no processo de aquisição das áreas e garante à Petrobras exclusividade nas negociações dos contratos dos blocos exploratórios.

A próxima etapa envolve a formalização dos contratos, que ainda passarão por tratativas bilaterais entre a Petrobras e o governo marfinense. Ainda não há um cronograma público para a assinatura dos contratos ou início das atividades, mas a estatal reforça que eventuais avanços serão comunicados ao mercado em tempo oportuno.

Expansão estratégica e diversificação do portfólio

A Petrobras destacou que a iniciativa está em linha com seu plano estratégico de longo prazo, focado na recomposição de reservas de óleo e gás e na diversificação de seu portfólio exploratório, tanto em território nacional quanto internacional.

A empresa já vinha avaliando oportunidades fora do Brasil nos últimos anos, com foco em regiões promissoras e ainda pouco exploradas. O objetivo é abrir novas fronteiras e garantir competitividade futura, ao mesmo tempo em que busca ativos com alto potencial de geração de valor e aderência às suas diretrizes de governança.

“A decisão observou todos os trâmites internos de governança da companhia”, reforçou a Petrobras no comunicado.

Por que a Costa do Marfim?

A Costa do Marfim tem ganhado destaque no cenário internacional por seu potencial energético. O país africano já abriga operações de grandes petroleiras internacionais, como TotalEnergies e Eni, que descobriram reservas significativas em áreas offshore nos últimos anos. A região integra a Bacia do Golfo da Guiné, considerada uma das mais promissoras para exploração de hidrocarbonetos no continente.

Com infraestrutura em desenvolvimento e incentivos para atrair investimento estrangeiro, a Costa do Marfim se tornou um destino estratégico para empresas do setor de óleo e gás que buscam novas oportunidades com menores níveis de maturidade concorrencial.

Para a Petrobras, a entrada nesse mercado representa a possibilidade de estabelecer uma presença relevante em uma nova região com alto potencial de retorno exploratório, sem abrir mão de rigor técnico, ambiental e financeiro.

O que esperar dos próximos passos?

A negociação dos contratos com o governo marfinense será o próximo marco do processo. Caso a Petrobras concretize a aquisição dos blocos, os estudos geológicos e a avaliação de dados sísmicos devem começar nos meses seguintes.

Vale lembrar que, em fases exploratórias, o cronograma de desenvolvimento é naturalmente mais longo e envolve etapas regulatórias, licenciamento ambiental e análise técnica de viabilidade.

Não há informações ainda sobre o percentual de participação ou sobre a possibilidade de parcerias com outras empresas para a operação nos blocos. A Petrobras tem histórico de atuação conjunta com majors internacionais em projetos estratégicos fora do Brasil.

Consolidação da presença internacional

O movimento na Costa do Marfim se soma a outras iniciativas recentes da Petrobras para retomar sua presença no cenário internacional, após anos de foco exclusivo no mercado brasileiro. A companhia já indicou em seu plano estratégico 2024-2028 que pretende ampliar a prospecção de oportunidades globais — com critérios rígidos de governança, retorno e aderência à transição energética.

Esse novo posicionamento global busca mitigar riscos de concentração geográfica e fortalecer a competitividade da Petrobras frente às principais petroleiras globais.