Morgan Stanley surpreende no 2T25, mas ações recuam: volatilidade e comparação pesada com rivais pesam no pré-mercado

Relatório sólido: receita e lucro acima do consenso, impulso de trading e sinais de reativação no banco de investimento. Ainda assim, papéis recuam ~1,1% no pré-mercado em Nova York, refletindo expectativas elevadas após números fortes de concorrentes.


Morgan Stanley surpreende no 2T25, mas ações recuam: volatilidade e comparação pesada com rivais pesam no pré-mercado

Resumo rápido

  • Data da divulgação: 16 de julho de 2025 (antes da abertura do mercado)
  • Pré-mercado (09h10 ET): ações MS -1,1%
  • Receita total: US$ 16,79 bi (+11,8% A/A) | Consenso: US$ 16,04 bi | Surpresa: +4,7%
  • Lucro por ação ajustado (EPS): US$ 2,13 (+17,0% A/A) | Consenso: US$ 1,98 | Surpresa: +7,8%
  • Receita líquida de juros (NII): US$ 2,3 bi (+13,6% A/A) | Consenso: US$ 2,2 bi | Surpresa: +7,2%
  • Gestão Patrimonial (Wealth Management): US$ 7,76 bi vs US$ 6,79 bi no 2T24

Contexto: temporada bancária sob tarifa, volatilidade e rotação de risco

O 2º trimestre de 2025 foi dominado por períodos de volatilidade elevada nos mercados globais, associados a incertezas comerciais após novas tarifas impostas pelo governo Trump. Esse ambiente reativou fluxos de negociação em renda fixa, moedas e ações, beneficiando as mesas de trading dos grandes bancos de Wall Street. Em paralelo, o investidor institucional começou a precificar cenários alternativos de crescimento global, ampliando uso de derivativos e produtos estruturados — terreno no qual o Morgan Stanley historicamente navega bem.

Os resultados do banco vêm na esteira de números fortes já publicados por Goldman Sachs e Citigroup para o mesmo período. Esse “efeito arrasto” elevou a barra de comparação do mercado: para surpreender na Bolsa, não bastava superar o consenso — era preciso brilhar em relação aos pares.


Resultados consolidados: acima do consenso em todas as linhas-chave

O Morgan Stanley entregou um conjunto de números amplamente acima das expectativas, com crescimento de dois dígitos em receita, lucro ajustado e NII.

Receita total: US$ 16,79 bilhões, alta de 11,8% ano a ano, e 4,7% acima do consenso. A expansão reflete força combinada em trading, gestão patrimonial e estabilização das receitas de banco de investimento.

Lucro por ação ajustado: US$ 2,13, crescimento de 17,0% A/A e 7,8% acima das estimativas. Margens melhores nas divisões de mercado de capitais e controle de despesas ajudaram o desempenho.

Receita líquida de juros (NII): US$ 2,3 bilhões, +13,6% A/A e acima do consenso em 7,2%. O mix de ativos de clientes em gestão patrimonial e spreads resilientes de crédito contribuíram.


Trading volta a ser protagonista

Em linha com o que vimos nos demais grandes bancos, o segmento de Institutional Securities & Trading do Morgan Stanley se beneficiou da volatilidade induzida pelo ambiente macro e tarifário. Embora o banco não tenha divulgado números detalhados por mesa no primeiro comunicado, executivos destacaram desempenho robusto em macro (renda fixa, câmbio e commodities) e boa atividade em equities, apoiada por derivativos e reequilíbrio de portfólios institucionais.

Para investidores que acompanham ciclos de risco, vale lembrar: períodos de choques geopolíticos e de política comercial tendem a aumentar volumes e spreads, historicamente positivos para bancos orientados a mercado como o MS.


Banco de investimento: sinais de descongelamento no fim do trimestre

Depois de meses de compasso de espera, o Investment Banking mostrou melhora no pipeline no final de junho, conforme empresas começaram a olhar além da incerteza tarifária para retomar IPOs e transações de M&A. Segundo comentários anteriores do CEO Ted Pick a investidores (junho de 2025), as conversas “permaneciam ativas e crescentes” — narrativa agora apoiada pelos dados do trimestre.

Mandatos em setores ligados a tecnologia, energia de transição e consumo premium foram citados por participantes de mercado como potenciais vetores de retomada nos próximos trimestres.


Gestão patrimonial segue âncora de estabilidade

O negócio de Wealth Management, carro-chefe estratégico do Morgan Stanley, somou US$ 7,76 bilhões em receita líquida no 2T25, ante US$ 6,79 bilhões um ano antes. A divisão continua oferecendo recorrência de receitas, base ampla de clientes de alta renda e corporativos, além de gerar depósitos que alimentam o balanço do banco.

Movimentos de alocação tática por parte de famílias e escritórios multifamily, migrando entre cash, alternativos e renda variável global, sustentaram comissões e taxas de performance.


Por que as ações caíram, então?

Mesmo com surpresa positiva, as ações MS recuavam cerca de 1,1% no pré-mercado (09h10 ET) no dia da divulgação. Três fatores ajudam a explicar:

  1. Barra elevada: Goldman Sachs e Citigroup reportaram resultados fortes dias antes, aumentando a exigência relativa dos investidores.
  2. Composição de ganhos: Parte relevante da batida veio de trading — visto como menos previsível — enquanto alguns analistas buscavam sinais mais contundentes de recuperação sustentada em banco de investimento.
  3. Book the news: Após rali recente do setor financeiro (ETF XLF), traders de curto prazo podem ter realizado lucros na notícia.

O que observar nos próximos trimestres

  • Evolução do pipeline de IPOs e M&As caso a incerteza tarifária diminua ou fique mais previsível.
  • Sustentação das receitas de trading caso a volatilidade recue.
  • Ritmo de captação líquida e margens no Wealth Management em cenário de juros possivelmente mais baixos nos EUA em 2026.
  • Disciplina de custos e retorno sobre capital regulatório, pontos de comparação direta com Goldman e JPMorgan.

Perfil rápido da companhia

Morgan Stanley (NYSE: MS) é um dos maiores grupos de serviços financeiros globais, com sede em Nova York, atuação em banco de investimento, gestão de patrimônio, trading institucional e gestão de ativos. A companhia é ampla componente do setor financeiro americano, acompanhado por investidores via ETF XLF (Financial Select Sector SPDR Fund).


O trimestre veio acima das expectativas — mas num ambiente em que superar estimativas não basta. A temporada bancária de 2025 está sendo disputada ponto a ponto, e o mercado está olhando além do número: quer visibilidade de receita estável, alavancas de capital e capacidade de navegar ciclos de volatilidade. Nesse jogo longo, o desempenho consistente das linhas de gestão patrimonial continua sendo o diferencial estratégico do Morgan Stanley.

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