Os capítulos 4, 5 e 6 do livro de Mateus contêm ensinamentos cruciais de Jesus Cristo que formam o alicerce de uma vida cristã. Este estudo teológico detalhado irá explorar a tentação de Jesus no deserto, o início de seu ministério, e a profunda sabedoria encontrada no Sermão da Montanha. Cada segmento desses capítulos fornece um fascinante vislumbre do caráter divino de Cristo e de seus ensinamentos transformadores.
Capítulo 4: A Tentação de Jesus e o Início de seu Ministério
A Tentação no Deserto
O capítulo 4 abre com Jesus sendo levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo (Mateus 4:1). O jejum de quarenta dias e quarenta noites de Jesus (Mateus 4:2) ecoa os jejuns de Moisés (Êxodo 34:28) e Elias (1 Reis 19:8), conectando a missão de Jesus com o Antigo Testamento.
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As três tentações enfrentadas por Jesus representam tentações comuns à experiência humana: a necessidade física (transformar pedras em pães), a necessidade de prova divina (saltar do pináculo do templo) e a tentação do poder terreno (todos os reinos do mundo). A resposta de Jesus a cada tentação não é apenas uma recusa, mas um ensino teológico. Pois ele responde a cada uma com citações da Torá, demonstrando a importância de conhecer e aplicar a Palavra de Deus em nossas vidas.
O Início do Ministério de Jesus
Após a partida de Satanás, Jesus inicia Seu ministério em Capernaum, em cumprimento à profecia de Isaías (Mateus 4:12-17). Este movimento estratégico de Jesus de Nazaré para Capernaum não apenas cumpre a profecia, mas também posiciona Jesus na encruzilhada de três regiões: Galileia, Decápolis e Síria, facilitando a disseminação de Seu evangelho.
O Chamado dos Primeiros Discípulos
Jesus então chama seus primeiros discípulos – Pedro, André, Tiago e João (Mateus 4:18-22). Este chamado não é apenas um convite para seguir Jesus, mas um chamado para uma nova vocação: de pescadores de peixes para pescadores de homens. A resposta imediata dos discípulos reflete o poder convocatório de Jesus e serve de exemplo para todos os crentes de responder prontamente ao chamado de Deus.
Capítulo 5: O Sermão da Montanha – Parte 1
As Bem-Aventuranças
O capítulo 5 inicia o Sermão da Montanha com as Bem-Aventuranças (Mateus 5:3-12), que são declarações profundas sobre o Reino de Deus e seus cidadãos. Cada bem-aventurança mostra uma realidade paradoxal do Reino de Deus: aqueles que o mundo considera infelizes são, na verdade, abençoados no Reino de Deus. Através das bem-aventuranças, Jesus redefiniu as concepções de felicidade e êxito. Assim desafiando os crentes a buscar as virtudes do Reino de Deus acima dos valores mundanos.
O Sal da Terra e a Luz do Mundo
Jesus prossegue com metáforas impactantes de “sal da terra” e “luz do mundo” (Mateus 5:13-16), chamando os crentes a influenciar o mundo positivamente. O sal é essencial para preservar e dar sabor, e a luz é indispensável para dissipar as trevas. Essas metáforas incentivam os cristãos a viver uma vida que reflita a luz de Cristo e preservar os valores do Reino em um mundo em deterioração moral.
A Lei e os Profetas
Em Mateus 5:17-20, Jesus esclarece que Ele não veio abolir a Lei ou os Profetas, mas cumprir. Aqui, Jesus se posiciona na continuidade da revelação divina e confirma a autoridade da Lei mosaica. Ele também adverte contra a justiça superficial dos escribas e fariseus e chama por uma justiça que exceda, que emerge do coração.
Ensinamentos sobre Ética
A seção de Mateus 5:21-48 pode ser considerada uma exposição ética, onde Jesus expõe a verdadeira intenção da Lei através de uma série de antíteses: “Ouvistes que foi dito… mas eu vos digo”. Essas antíteses revelam que a justiça do Reino de Deus não está apenas em ações externas, mas em atitudes internas do coração.
Capítulo 6: O Sermão da Montanha – Parte 2
Práticas de Justiça
No capítulo 6, Jesus fornece orientações sobre práticas de justiça – esmolas, oração e jejum (Mateus 6:1-18). Ele alerta contra a prática dessas ações como um espetáculo para a admiração dos outros, ressaltando que a motivação por trás das ações é tão importante quanto as próprias ações.
A Oração do Senhor
Dentro do ensinamento sobre a oração, Jesus oferece a oração do Senhor (Mateus 6:9-13). Um modelo de oração que abrange adoração, submissão à vontade de Deus, petição por necessidades, confissão de pecados e pedido de proteção.
Tesouros no Céu
No trecho de Mateus 6:19-24, Jesus contrasta o armazenamento de tesouros na terra com o armazenamento de tesouros no céu. Essa passagem é um forte convite para reavaliar as prioridades, investindo na riqueza eterna em vez da temporária. Ele culmina o ensinamento com a afirmação de que ninguém pode servir a dois senhores, Deus e as riquezas.
A Cura da Ansiedade
Finalmente, em Mateus 6:25-34, Jesus aborda a ansiedade. Esta seção, repleta de imagens da criação, convida os crentes a olharem para a providência de Deus no mundo natural como garantia de Seu cuidado por eles. A mensagem central é de confiar em Deus e buscar em primeiro lugar Seu reino e Sua justiça.
Quer mais detalhes do Capítulo 6? Leia também: Mateus 6, 7 e 8, Um Estudo Detalhado
Conclusão
Os capítulos 4, 5 e 6 de Mateus apresentam uma viagem teológica que começa com a tentação de Jesus no deserto, passa pelo chamado dos primeiros discípulos, e culmina com o profundo Sermão da Montanha. Cada seção desse trajeto nos ensina lições valiosas sobre a vida cristã – a importância da Palavra de Deus, a resposta ao chamado divino, a busca pela justiça do Reino de Deus, a vida de influência e integridade, e a confiança na providência de Deus.
Através do estudo desses capítulos, somos convidados a refletir sobre o nosso relacionamento com Deus e com os outros, nosso papel como crentes no mundo, nossas atitudes em relação à lei, à oração, ao jejum, à riqueza e à ansiedade. Cada ensinamento de Jesus nessas passagens desafia nossas concepções prévias e nos convida a entrar mais profundamente na realidade do Reino de Deus.
Em suma, este estudo detalhado nos encoraja a buscar uma vida que reflita os valores do Reino de Deus, a responder prontamente ao chamado de Jesus, a viver de maneira que glorifique a Deus, a praticar justiça com a atitude correta, a acumular tesouros no céu e a confiar em Deus em todas as circunstâncias. É uma convocação para que todos nós, como crentes, busquemos em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, em todas as áreas da nossa vida.