Hapvida cresce em receita no 2T25, amplia base de clientes e reforça verticalização

Receita volta a avançar com reajustes e adição líquida de beneficiários, enquanto sinistralidade sente efeitos de doenças respiratórias e ramp-up da rede própria.


Hapvida cresce em receita no 2T25, amplia base de clientes e reforça verticalização

A Hapvida (B3: HAPV3) divulgou o Relatório de Resultados do 2º trimestre de 2025 (2T25) mostrando aceleração de receita e expansão da base de clientes em planos de saúde e odontológicos. O período, no entanto, trouxe pressão sazonal sobre a sinistralidade, reflexo do início precoce de doenças respiratórias, maior circulação de viroses e do ramp-up de novas unidades próprias — fatores que comprimiram margens em relação ao trimestre anterior.

Receita e base de beneficiários

A receita líquida somou R$ 7.674,0 milhões, alta de 2,3% vs. 1T25 e de 7,3% na comparação anual. O avanço foi puxado principalmente por Planos de Saúde (R$ 7.524,3 mi; +1,7% t/t; +7,7% a/a), com adição líquida de 57,7 mil beneficiários no trimestre, sinalizando melhora comercial com estabilidade nos cancelamentos.

No total, a operadora encerrou o 2T25 com 8,856 milhões de beneficiários em planos de saúde, ante 8,799 milhões no 1T25, refletindo o saldo orgânico positivo de +57,7 mil vidas.

Ticket médio: reajustes e mix sustentam crescimento

O ticket médio bruto em planos de saúde alcançou R$ 289,4/mês (2T25), +8,2% vs. 2T24, resultado de +7,2% de preço líquido e +1,0% de mix.

Nos planos odontológicos, o trimestre combinou incremento de 91,5 mil beneficiários e aumento de 6,0% no ticket médio mensal, levando a base a 7,032 milhões de vidas no fim do período.

Sinistralidade e custos assistenciais

Os custos assistenciais somaram R$ 6.105,3 milhões (2T25), alta de 8,6% vs. 1T25, enquanto a sinistralidade caixa ficou em 73,9% (vs. 71,8% no 1T25 e 73,5% no 2T24). A linha de contas médicas caixa atingiu R$ 5.672,1 milhões (+5,3% t/t; +7,9% a/a).

A companhia destaca fatores sazonais: início precoce das doenças respiratórias, período mais longo de viroses, além do ramp-up de novas unidades próprias, que elevou volumes de consultas, exames e internações. Em contrapartida, houve redução dos casos de dengue vs. 2024, e o desempenho ficou melhor que a sazonalidade implícita.

Houve ainda reclassificação de despesas administrativas diretamente ligadas ao atendimento assistencial como sinistros, o que altera a composição das linhas e deve ser observado na comparação histórica.

Despesas operacionais: vendas x administrativas

As despesas de vendas foram de R$ 574 milhões no trimestre (7,5% da ROL), mostrando leve avanço na relação com a receita vs. 1T25 (7,1%) e estabilidade vs. 2T24 (7,6%).

As despesas administrativas caixa ficaram em R$ 426 milhões (5,5% da ROL), inferiores ao 1T25 (R$ 445 mi; 5,7%) e próximas ao patamar de 2T24 (R$ 409 mi; 5,9%). Parte da dinâmica reflete a reclassificação mencionada para a linha de sinistros.

EBITDA e lucro

O EBITDA ajustado totalizou R$ 703,3 milhões, com margem de 9,2% (vs. 13,4% no 1T25 e 2T24), refletindo a pressão sazonal sobre a sinistralidade e o efeito do ramp-up de unidades.

O lucro líquido ajustado foi de R$ 148,9 milhões (–64,2% t/t; –69,6% a/a), enquanto o resultado contábil apontou prejuízo líquido de R$ 205,8 milhões no trimestre.

Resultado financeiro e tributos

O resultado financeiro mostrou deterioração: juros sobre debêntures e empréstimos atingiram R$ 464,7 milhões (2T25), enquanto o rendimento de aplicações foi de R$ 301,5 milhões, em linha com maior caixa aplicado médio.

No bloco tributário, houve variações relevantes em IR e CSLL (corrente e diferido) ao longo do trimestre e do semestre, contribuindo para a diferença entre o lucro contábil e o ajustado.

Caixa, dívida e alavancagem

A dívida bruta somou R$ 13.853,8 milhões, com caixa e aplicações de R$ 9.836,6 milhões, resultando em dívida líquida de R$ 4.017,2 milhões. O índice dívida líquida/EBITDA LTM ficou em 1,00x, em linha com o covenant contratual.

A companhia reporta custo médio da dívida de CDI + 1,31% a.a. e duration de 3,5 anos, com cronograma de amortização diluído.

No trimestre, nas movimentações de caixa destacam-se: pagamento de parcelas retidas de aquisições (R$ 157,1 mi), consumo em atividades de M&A (R$ 207,5 mi), e o resgate antecipado da 1ª série da 2ª emissão de debêntures, no montante de R$ 1,25 bilhão.

Rede própria e qualidade assistencial

A rede própria atingiu 831 unidades no 2T25 — com crescimento em clínicas e diagnóstico e estabilidade em hospitais — reforçando a estratégia de verticalização. Além disso, o indicador de NIPs (Notificações de Intermediação Preliminar) apresentou queda de 41% em relação a janeiro de 2024, sinalizando evolução em satisfação/acolhimento.

O trimestre também registrou duas inaugurações relevantes: Hospital Layr Maia (Belém/PA) e Hospital Ariano Suassuna (Recife/PE).

Nos indicadores de qualidade, a companhia divulga evolução em métricas como taxa de mortalidade padronizada em UTI (abaixo de referências do setor) e atendimentos em até 15 minutos nas emergências, patamar que chegou a 80% na leitura mais recente — pontos importantes para retenção de clientes e controle de sinistro no médio prazo.

O que observar adiante (análise e impactos)

  • Sazonalidade e mix de casos: o 3T costuma reduzir pressão de doenças respiratórias, o que tende a ajudar a sinistralidade. A continuidade do controle de viroses e a normalização de sazonalidade serão determinantes para a margem no curto prazo.
  • Verticalização e ramp-up: a expansão da rede própria é alavanca de eficiência, mas no curto prazo adiciona custo fixo e eleva utilização até estabilizar. Monitorar a velocidade de maturação das novas unidades.
  • Preço e reajustes: o ticket médio avançou com reajustes e mix; a elasticidade de demanda e a dinâmica concorrencial indicarão se a companhia consegue preservar crescimento de receita sem acelerar cancelamentos.
  • Odonto como amortecedor de volatilidade: crescimento de base e ticket em odontologia segue como vetor de diversificação de margens e geração de caixa, com tíquete ainda baixo e potencial de cross-sell.
  • Estrutura de capital: a alavancagem em 1,00x (DL/EBITDA LTM) confere espaço para investimentos e gestão ativa de passivos; acompanhar custo médio (CDI+1,31% a.a.) e cronograma de amortização em um cenário de juros em transição.
  • Qualidade e satisfação: a queda de NIPs e as métricas de acolhimento são relevantes para reduzir sinistro e churn ao longo do tempo; manutenção dessa trajetória é um leading indicator operacional positivo.

A Hapvida entregou crescimento de receita sustentado por reajustes e adições líquidas de vidas, ao custo de uma margem comprimida pela sazonalidade e pela expansão da rede. A alavancagem controlada e a verticalização seguem como pilares estratégicos, enquanto os sinais de qualidade/acolhimento e a queda de NIPs reforçam o foco em experiência do cliente — elementos que tendem a se refletir, adiante, em melhor frequência de uso e sinistralidade.

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