Grupo Mapa pode assumir o controle da Casas Bahia após acordo com Bradesco e Banco do Brasil

Grupo liderado por empresários do mercado financeiro articula conversão de debêntures em ações para se tornar sócio majoritário da varejista

Grupo Mapa pode assumir o controle da Casas Bahia após acordo com Bradesco e Banco do Brasil

O Grupo Casas Bahia, uma das maiores redes de varejo do país, pode estar prestes a passar por mais uma profunda transformação societária. Um fato relevante divulgado em 27 de junho de 2025 trouxe ao mercado a informação de que a Mapa Capital Participações e Consultoria Ltda. celebrou um Memorando de Entendimentos não vinculante com o Banco Bradesco e o Banco do Brasil para adquirir a totalidade das debêntures conversíveis atualmente detidas pelos dois bancos, referentes à 2ª série da 10ª emissão da varejista.

Essas debêntures são instrumentos financeiros que, além de render juros aos seus detentores, podem ser convertidas em ações ordinárias da companhia. Ou seja, tratam-se de títulos com potencial de se transformar em participação societária. E é justamente essa a intenção do Grupo Mapa, caso o acordo se concretize: converter as debêntures em ações e assumir o controle majoritário da Casas Bahia.

Como será essa possível virada?

A operação está condicionada a algumas etapas essenciais:

  1. Transferência das debêntures para o Grupo Mapa ou empresa controlada;
  2. Aprovação prévia do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por se tratar de uma movimentação que altera a estrutura de controle da companhia;
  3. Início do Período de Conversão, conforme previsto na escritura de emissão das debêntures;
  4. Aprovação da antecipação do Período de Conversão em assembleia de debenturistas, marcada para o dia 30 de junho de 2025.

Se todas essas condições forem cumpridas, a expectativa é de que a conversão em ações ocorra até o fim de agosto, resultando na entrada do Grupo Mapa como sócio controlador da Casas Bahia.

O que representa a entrada da Mapa Capital?

A Mapa Capital, embora não amplamente conhecida pelo grande público, é formada por investidores com experiência em reestruturações e gestão estratégica. Sua presença no capital da Casas Bahia pode representar uma tentativa de reposicionar a companhia, que vem enfrentando sucessivos desafios operacionais e financeiros nos últimos anos.

Para os investidores, o anúncio acende tanto o sinal de alerta quanto uma possível luz no fim do túnel. Alertas porque uma mudança de controle sempre envolve riscos — especialmente num setor de margens apertadas como o varejo. Mas também esperança, porque pode indicar a entrada de uma nova visão estratégica para um grupo que tem perdido valor de mercado de forma acelerada desde o estouro da crise do consumo e do crédito no Brasil.

Contexto: Casas Bahia em crise prolongada

Nos últimos anos, a Casas Bahia tem lutado contra um cenário de retração nas vendas, alto endividamento e perda de competitividade frente a rivais digitais mais ágeis. O papel da empresa (ticker BHIA3) despencou na B3, e seu valor de mercado foi diluído a níveis historicamente baixos.

Além disso, a companhia vinha tentando diversas medidas para preservar caixa e reestruturar dívidas — entre elas, emissões de debêntures com cláusulas conversíveis, como essas da 10ª emissão, que agora se tornaram alvo de negociação.

Aposta agressiva em reestruturação com risco político e de execução

A proposta do Grupo Mapa é ousada e carrega elementos típicos de uma operação de turn around. Em outras palavras, é uma aposta clara de que a Casas Bahia ainda tem um ativo valioso a ser explorado: sua marca. Mas será que isso basta?

Na prática, o Grupo Mapa parece estar assumindo um risco significativo, ao apostar que conseguirá — por meio da conversão das debêntures — não só entrar no controle, mas também articular uma reviravolta operacional em uma companhia que vem derretendo em valor e resultados.

Vale lembrar que essa operação depende de:

  • Clima favorável no CADE, o que pode se tornar um gargalo se houver qualquer contestação de concentração ou conflito com os interesses públicos;
  • Aprovação dos debenturistas, que, se não virem vantagem clara na conversão, podem barrar o processo;
  • Capacidade da Mapa Capital em conduzir um plano de reestruturação eficaz, o que implica mudanças profundas na cultura da empresa, nos canais de venda e em sua relação com o crédito.

E o investidor, o que deve observar?

O investidor precisa acompanhar com atenção três frentes:

  1. A assembleia de 30 de junho — ela será o primeiro grande sinal de viabilidade dessa operação;
  2. Os desdobramentos no CADE — qualquer atraso ou indeferimento pode inviabilizar os planos;
  3. Sinais concretos da estratégia do Grupo Mapa — até aqui, o mercado conhece pouco sobre o plano de ação, metas de curto e médio prazo, ou mesmo nomes que assumirão a liderança.

Se a conversão for aprovada e concretizada, a Casas Bahia passará a ser comandada por um novo grupo, com novas ideias — mas ainda carregando os mesmos desafios. Para o investidor de longo prazo, isso pode significar volatilidade no curto prazo, mas também uma janela de oportunidade, caso a nova gestão consiga de fato recuperar o negócio.

Enquanto isso, o papel da transparência e da comunicação da companhia com o mercado será fundamental para evitar boatos e especulações excessivas, que já costumam rondar empresas em situação de fragilidade.

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