GBTC11: ETF que combina Bitcoin e Ouro chega à B3 — uma nova forma de diversificação?
Fundo da Buena Vista e Hashdex ajusta alocação entre cripto e metal precioso conforme a volatilidade. Será que vale a pena?
O mercado brasileiro de ETFs ganha, no fim de julho, um novo produto com proposta bastante singular: o GBTC11, lançado pela Buena Vista Capital em parceria com a Hashdex. Trata-se de um fundo de índice que mistura dois ativos de perfis opostos — bitcoin e ouro — com alocação ajustável de acordo com a volatilidade de cada um.
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Essa combinação entre a cripto mais volátil do mercado e o ativo mais tradicional de proteção contra incertezas chama atenção e naturalmente levanta a pergunta: vale a pena investir?
O que é o GBTC11?
O GBTC11 é um ETF de gestão passiva que segue o índice FTSE Bitcoin and Gold Risk Weighted, cuja metodologia ajusta a proporção de cada ativo com base na volatilidade dos últimos 90 dias. Ou seja:
- Se o bitcoin estiver muito volátil, o fundo reduz a exposição a ele e aumenta a do ouro;
- Se o bitcoin estiver mais estável, o fundo amplia sua alocação nele, reduzindo a do ouro.
Na prática, isso cria um portfólio que tenta suavizar a oscilação geral, preservando uma exposição ao bitcoin, mas de forma “filtrada” por um ativo mais defensivo.
Composição atual e histórico do índice

A última simulação da Hashdex, até maio de 2025, mostra uma alocação de 66,3% em ouro e 33,7% em bitcoin — o maior nível já atribuído à cripto desde o início da série histórica, em 2015. A razão é simples: a volatilidade do bitcoin caiu recentemente, favorecendo maior exposição a ele no modelo de cálculo.
Esse comportamento mostra que o índice se adapta bem ao contexto, reagindo com lógica ao ambiente de risco dos ativos.
Uma abordagem inteligente, mas não mágica
O grande diferencial do GBTC11 está na metodologia quantitativa. Usar o inverso da volatilidade (1/σ) como base para definir os pesos dos ativos traz um equilíbrio dinâmico que muitos investidores buscam, mas não conseguem executar por conta própria.
No entanto, é fundamental entender que isso não elimina o risco. O bitcoin, mesmo com menor alocação em tempos turbulentos, ainda pode impactar o desempenho do fundo. E o ouro, apesar de estável, tem suas próprias limitações — inclusive uma valorização que já parece bem precificada no curto prazo.
O momento do ouro: força estrutural, mas assimetria menor
Desde 2023, o ouro acumula uma alta impressionante: 84,7%, sendo 28,3% somente em 2025. Esse rali foi impulsionado por compras massivas de bancos centrais, especialmente a China, que vem trocando treasuries por reservas em ouro para reduzir dependência do dólar.
Com mais de 2.295 toneladas, a China já é o quarto maior detentor mundial da commodity, atrás apenas de Alemanha, Itália e França. A demanda por ETFs de ouro também segue alta — só em 2025, foram 84 toneladas a mais, apesar de fluxos mensais negativos pontuais.
Esse apetite estatal e institucional sustenta o ouro como uma reserva de valor sólida, mas também aponta que parte desse potencial já está no preço. Ou seja, ainda pode haver valorização, mas com menos assimetria positiva do que há um ou dois anos.
O bitcoin em 2025: mais adoção, mais institucionalização
Do lado do bitcoin, o cenário é de adoção crescente. Os ETFs de bitcoin nos EUA, aprovados em 2024, criaram um novo fluxo institucional para o ativo. Além disso, empresas estão incluindo bitcoin em seus caixas, e marcos regulatórios mais claros surgem ao redor do mundo.
Esses fatores reforçam o papel do BTC como alternativa de portfólio, com boa tese de longo prazo. Mas o ativo continua sendo extremamente sensível ao humor macroeconômico, especialmente em relação a juros, liquidez global e regulações.
Para o investidor médio, isso significa que a exposição ao bitcoin deve ser ponderada com cautela — e é exatamente aí que o GBTC11 entra como alternativa viável.
O ETF é para você?
Com uma taxa de administração de 0,98% ao ano e valor inicial de R$ 30, o GBTC11 é um ETF acessível via qualquer home broker. No entanto, ele não é um produto para todos os perfis. Algumas considerações importantes:
- Para investidores conservadores ou iniciantes, talvez o GBTC11 seja ousado demais, mesmo com a presença do ouro;
- Para investidores moderados, pode ser uma forma interessante de ter exposição controlada ao bitcoin, com uma camada de defesa embutida;
- Para investidores agressivos, pode funcionar como diversificação da alocação em cripto, com melhor balanceamento de risco.
Minha visão: um ETF ousado com inteligência por trás
A ideia do GBTC11 me parece muito bem estruturada, especialmente para quem entende a lógica de risco ajustado. Ao contrário de fundos que tentam bater o mercado com apostas subjetivas, este ETF segue uma metodologia clara e previsível, baseada em um índice que respeita os fundamentos de gestão de portfólio.
Em um cenário em que o ouro permanece atrativo, mas com espaço menor para saltos, e o bitcoin vive seu processo de amadurecimento institucional, a combinação dos dois ativos sob uma lógica de rebalanceamento automático pode oferecer uma experiência mais confortável para o investidor que quer participar do crescimento da criptoeconomia sem abrir mão da estabilidade.
Vale lembrar que este não é um fundo para apostar em lucros rápidos. É um ETF de alocação tática inteligente, que pode fazer sentido dentro de uma estratégia maior de diversificação e controle de risco.