Banco BMG anuncia recompra de ações e aposta em valorização via gestão de capital

Operação poderá movimentar até 10% das ações preferenciais em circulação e reforça estratégia de eficiência e fidelização de executivos

Banco BMG anuncia recompra de ações e aposta em valorização via gestão de capital

Em um movimento que sinaliza confiança na própria operação e um esforço claro de gestão estratégica do capital, o Banco BMG (B3: BMGB4) comunicou ao mercado, em 26 de junho de 2025, a aprovação de um novo programa de recompra de ações preferenciais, com início previsto já para o dia seguinte. A iniciativa, autorizada pelo Conselho de Administração, permitirá a aquisição de até 12.961.497 ações, o equivalente a 10% das ações preferenciais em circulação, considerando o estoque atual em tesouraria.

Mais do que uma simples ação de mercado, essa recompra representa uma mensagem forte ao investidor: a de que o banco enxerga suas ações como subavaliadas e aposta no uso dos recursos próprios para impulsionar valor ao acionista. Mas há mais por trás dessa movimentação.

O que o programa de recompra propõe?

De forma resumida, o programa:

  • Envolve ações preferenciais escriturais e sem valor nominal, emitidas pelo próprio banco;
  • Não altera o capital social;
  • Prevê recompra na B3, a preços de mercado, no período de 27 de junho de 2025 até 21 de dezembro de 2026;
  • Tem múltiplas finalidades: manutenção em tesouraria, cancelamento, revenda ou pagamento de remuneração variável de executivos por meio de planos de incentivo de longo prazo.

Essa versatilidade é um dos pontos que merecem destaque. Ao manter a possibilidade de destinação futura para executivos, o banco também está cuidando de retenção de talentos e alinhamento estratégico, o que, no atual cenário bancário altamente competitivo, é mais que uma necessidade — é uma vantagem.

Por que o BMG está fazendo isso agora?

O uso de recompra de ações como instrumento de alocação de capital se tornou uma estratégia mais comum entre bancos nos últimos anos, sobretudo em tempos de juros elevados, quando o custo de oportunidade do dinheiro em caixa precisa ser muito bem avaliado. E o BMG parece estar fazendo justamente isso.

A operação será realizada com recursos das reservas de lucros, ou seja, não compromete o caixa operacional nem impacta obrigações com credores ou pagamento de dividendos mínimos, segundo comunicado do próprio conselho. Isso mostra que a medida foi planejada com respaldo contábil e regulatório.

Mas além da narrativa técnica, há uma leitura possível: o banco acredita que suas ações estão desvalorizadas no mercado — e que recomprá-las agora, a preços que julga atrativos, é mais eficiente do que usar esses recursos para outras finalidades. Trata-se de uma aposta explícita em si mesmo.

Ações estão baratas? Depende da leitura

O preço de BMGB4, a ação preferencial do banco, tem apresentado forte volatilidade nos últimos anos. Embora o BMG tenha melhorado sua eficiência operacional e digitalizado parte relevante de suas ofertas, ainda enfrenta forte concorrência dos bancos digitais, pressão por margens e limitações no crescimento de sua carteira de crédito.

Nesse contexto, a ação pode, de fato, estar descontada frente ao valor patrimonial e ao potencial de geração de caixa, mas o mercado parece exigir provas mais robustas de crescimento sustentável.

Ainda assim, programas de recompra como esse atuam como amortecedor de queda, sinalizam compromisso com o acionista e, ao limitar a oferta de papéis no mercado, podem até pressionar os preços para cima no curto prazo.

Efeitos práticos esperados

O BMG deixa claro que as ações poderão ser:

  • Canceladas, reduzindo o número total de ações em circulação (o que aumenta o lucro por ação, se mantido o lucro líquido);
  • Recolocadas no mercado futuramente, caso o preço suba;
  • Utilizadas como instrumento de remuneração variável para executivos e beneficiários de longo prazo, o que pode aumentar o alinhamento e retenção de liderança.

Ou seja, mesmo sem comprometer a estrutura administrativa ou de controle do banco, a operação tem impacto na percepção de valor e pode contribuir para uma estratégia de valorização de longo prazo, com ganhos marginais também no curto.

Nossa leitura: movimento técnico, estratégico e com tom de confiança

A decisão do BMG de executar essa recompra tem uma leitura dupla: é um movimento técnico, baseado em fundamentos de capital próprio, e também uma mensagem de confiança da administração sobre o seu valuation atual.

Se essa recompra se traduzirá em valorização de fato vai depender, como sempre, de fatores externos — como o comportamento dos juros, inadimplência no setor bancário e a capacidade do banco de entregar crescimento em receita líquida e retorno sobre patrimônio.

Mas o fato é que a medida coloca o BMG em movimento, algo importante para um banco que, embora tenha saído da inércia nos últimos anos com digitalização e parcerias, ainda precisa provar ao mercado que está pronto para competir em um ambiente dominado por gigantes digitais e fintechs arrojadas.

A recompra, nesse contexto, é uma jogada inteligente. Resta saber se ela será acompanhada de outros avanços operacionais que transformem o atual desconto da ação em uma história de revalorização.

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